quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Grande Investigação do DN dedicada ao ambiente

Excelente trabalho do Diário de Notícias sobre o estado do ambiente em Portugal, que aborda vários pontos críticos, como as dificuldades de gestão do solo, as energias renováveis, o (des)aproveitamento turístico dos Parque Naturais, das albufeiras e do património, a erosão costeira de uma costa cada vez mais consumida pelo betão, os vícios do (des)ordenamento do território, entre outros temas.


http://www.dn.pt/inicio/especial3.aspx

Como exemplo da insustentabilidade do planeamento urbano das últimas décadas, fica na retina esta constatação: "Nasce uma cidade de Coimbra todos os anos".

9 novas habitações por hora. Nove. Por hora.

Ora, como em Portugal o total de nados vivos, por ano, não se aproxima sequer do número de habitantes da Lusa Atenas, torna-se óbvio que estamos a construir casas para uma população que não existe. Enquanto isso, o centro das nossas cidades perde população, definha em ruínas, onde só ficam os velhos, cada vez menos e mais sozinhos, onde acabam por morrer, como as casas.

Enquanto isso, constrói-se cada vez mais longe de tudo. Por motivos de ordem económica. Por uma visão romântica da casa no campo, muitas vezes em urbanizações ou guetos de colarinho branco, com nomes de passarinhos ou de árvores, mesmo que seja rodeada por dezenas de casas iguais, onde os passarinhos já não cantam porque as árvores já não existem, derrubadas que foram para... construir as casas...

Enquanto isso, multiplicam-se as redes de transportes (insustentáveis, claro, porque o modelo de urbanização assim o definiu), de saneamento, de água, de electricidade, de resíduos urbanos. A especulação imobiliária e a desregulação do mercado têm permitido este atentado ao erário público, umas vezes por ignorância, outras por conluio. É inadmissível que o território, principal riqueza de uma Nação, não veja o seu interesse público defendido por instrumentos de gestão activos e eficientes, promotor das boas práticas e penalizador dos abusos cometidos, dos quais só conhecemos a ponta do icebergue.

Em tempos de crise, de austeridade e rigor económico, seria fundamental tratar o território como engrenagem essencial da recuperação económica, devendo para tal dar início a uma profunda reforma das entidades gestoras e das suas competências, assim como dos instrumentos de gestão. Por exemplo, uma nova Lei dos Solos, desde que coerente com os novos PEOT, PMOT e outros. Por exemplo, um Observatório do Ordenamento e Ambiente (mas não ao estilo das actuais Entidades Reguladoras, inoperantes por natureza).



"The greenest house is the one that never gets built." — Whit Faulconer

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