quarta-feira, 11 de julho de 2012

Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá



Encontro com Milton Santos: O mundo global visto do lado de cá. Documentário do cineasta brasileiro Sílvio Tendler, em que se discutem os problemas da globalização sob a perspectiva das periferias. O filme é conduzido por uma entrevista com o geógrafo e intelectual baiano Milton Santos (1926-2001), gravada quatro meses antes da sua morte.

Milton Santos nasceu no Município Baiano de Brotas de Macaúbas, a 3 de maio de 1926. Ainda criança, migrou com a sua família para outras cidades baianas, como Ubaitaba, Alcobaça e Salvador. Em Alcobaça, com os pais e os avós maternos (todos professores primários), foi alfabetizado e aprendeu álgebra e a falar francês. Aos 13 anos, Milton dava aulas de matemática no ginásio em que estudava, o Instituto Baiano de Ensino. Aos 15, passou a leccionar Geografia e aos 18, prestou vestibular para Direito em Salvador. Enquanto estudante secundário e universitário marcou presença na militância política de esquerda. Formado em Direito, não deixou de se interessar pela Geografia, tanto que fez concurso para professor catedrático no Colégio Municipal de Ilhéus. Nesta cidade, além do magistério desenvolveu actividade jornalística, estreitando sua amizade com políticos de esquerda. Nesta época, escreveu o livro Zona do Cacau, posteriormente incluído na Colecção Brasiliana, já com influência da Escola Regional francesa. 

Em 1958, concluiu seu Doutoramento na Universidade de Estrasburgo. Ao regressar ao Brasil, criou o Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais, mantendo intercâmbio com os mestres franceses. Após o seu Doutoramento, teve presença marcante na vida académica, em actividades jornalísticas e políticas de Salvador. Em 1961, o presidente Jânio Quadros nomeia-o sub-chefe do Gabinete Civil, tendo viajado a Cuba com a comitiva presidencial - o que lhe valeu registo nos órgãos de segurança nacional após o golpe de 1964. Em função de suas actividades políticas, Milton foi perseguido pelos órgãos de repressão da ditadura militar. Seus aliados e importantes políticos intervieram junto das autoridades militares para negociar a sua saída do país, após ter cumprido meio ano de prisão domiciliária. Milton acabou por ficar 13 anos fora do Brasil, exilando-se em Toulouse, passando por Bordéus, até finalmente chegar a Paris em 1968, onde leccionou na Sorbonne, tendo sido director de pesquisas de planeamento urbano, no prestigiado Iedes. Permaneceu em Paris até 1971, ano em que se mudou para o Canadá. Trabalhou na Universidade de Toronto. Foi para os Estados Unidos, com um convite para ser pesquisador no Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde trabalhou com Noam Chomsky. No MIT trabalhou na sua grande obra, "O Espaço Dividido". 

Dos EUA viaja para a Venezuela, onde actua como director de pesquisa sobre planeamento da urbanização do país, para um programa da ONU. Neste país manteve contacto com técnicos da Organização dos Estados Americanos. Estes contactos facilitaram a sua contratação pela Faculdade de Engenharia de Lima, onde foi contratado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) para elaborar um trabalho sobre pobreza urbana na América Latina. Posteriormente, foi convidado a leccionar no University College de Londres, mas o convite ficou apenas na tentativa, já que lhe impuseram dificuldades raciais. Regressa a Paris, mas é chamado de volta à Venezuela, onde lecciona na Faculdade de Economia da Universidade Central. Segue posteriormente para Tanzânia, onde organiza a pós-graduação em Geografia da Universidade de Dar es Salaam. Permaneceu por dois anos no país, quando recebeu o primeiro convite de uma Universidade brasileira, a Universidade de Campinas. Antes disso, regressa à Venezuela, passando antes pela Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque. No final de 1976, houve contactos para a contratação de Milton pela Universidade brasileira, mas não havia segurança na área política e o contacto fracassou. Em 1977, Milton tenta inscrever-se na Universidade da Bahia mas, por artimanhas político-administrativas, a sua inscrição foi cancelada. Ao regressar da Universidade de Colúmbia, iria para a Nigéria, mas recusou o convite para aceitar um posto como Consultor de Planeamento do estado de São Paulo e na Emplasa. Após o seu regresso ao Brasil, leccionou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), até 1983. Em 1984 foi contratado como professor titular pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), onde permaneceu mesmo após a idade de reforma. Também leccionou geografia na Universidade Católica de Salvador. 

A sua concepção sobre a globalização advertia para a possibilidade desta gerar o fim da cultura, da produção original do conhecimento. "Por uma Outra Globalização", livro escrito por Milton Santos dois anos antes de morrer, é referência hoje em cursos de graduação e pós-graduação em Universidades brasileiras. Traz uma abordagem crítica sobre o processo perverso de globalização actual na lógica do capital, apresentado como um pensamento único. Na visão dele, esse processo, da forma como está configurado, transforma o consumo em ideologia de vida, fazendo de cidadãos meros consumidores, massifica e padroniza a cultura e concentra a riqueza nas mãos de poucos. 

fonte: Wikipedia 

Considerado um dos maiores pensadores brasileiros do século XX, Milton Santos, influenciado pela Escola de Frankfurt e pela Geografia Crítica, era contra o modelo de globalização perversa vigente no mundo, que ele chamava de globalitarismo.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Paisagens Fabricadas



Filme sobre a transformação da paisagem por parte do homem, a uma escala e velocidade sem precedentes, desgovernada e insustentável.

 Trabalho do fotógrafo Edward Burtynsky.