terça-feira, 29 de maio de 2012

29 de Maio - Dia do Geógrafo

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"A minha Geografia humana – ou antes, a face humana da Geografia – é feita com todos os sentidos: a visão que abrange os conjuntos e discerne e analisa pormenores significativos, o ouvido que surpreende o tilintar distante do rebanho ou o barulho agressivo da circulação mecânica, o cantar dos galos que anuncia o lugar próximo ou o silêncio de aldeias hindus, onde não se criam animais para o pecado de matá-los, o odor inconfundível dos bazares muçulmanos, composto principalmente do aroma das especiarias, que também se sente nos mercados do Brasil ou do México, o cheiro a mijo do deserto por onde passou ou acampou a caravana, o fartum estival da multidão comprimida no metropolitano, o incomparável acetinado das peles pretas sobre que tantas vezes estala o chicote [...], os sabores da cozinha popular, onde, como na Bahía, se combinam ingredientes originários das três partes do mundo – ponto de partida para o estudo de encontro e sedimentação de civilizações. Homo sum: humani nihil a me alienum puto!" 

"(...) naturalista e humanista, sempre usei daquela verdade que manda Deus que se diga, agrade ou não aos homens acomodatícios e à inépcia dos que governam. Não há liberdade sem coragem, mas esta começa ao defender das contingências de momentos conturbados aquilo que a um espírito recto e justo se afigurou tocar de muito perto a exactidão das coisas e do pensamento" 

Orlando Ribeiro dixit

Quote VII


Geography has made us neighbors. History has made us friends. Economics has made us partners, and necessity has made us allies. Those whom God has so joined together, let no man put asunder.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Mitos e sombras


In its simplest expression, geography asks humanities oldest, most fundamental questions:
'Where am I?'
'How do I get there?'
'What is on the other side of the mountain?'
These primal questions have been responsible for pushing humanity from one place to another in search of something better. Eventually, these questions have pushed us off the face of the Earth and into the heavens in search of answers to even bigger questions:
'Where do we come from?'
'Is there anybody else out there?'
'Who or what put this universe together?'
Geography doesn't simply begin and end with maps showing the location of all the countries of the world. In fact, such maps don't necessarily tell us much. No -- geography poses fascinating questions about who we are and how we got to be that way, and then provides clues to the answers. It is impossible to understand history, international politics, the world economy, religions, philosophy, or 'patterns of culture' without taking geography into account.
Geography is the mother lode of sciences. It's the hub of a circle from which other sciences and studies radiate: meteorology and climatology, ecology, geology, oceanography, demographics, cartography, agricultural studies, economics, political science. At some level, all these can be related back to geographic factors. It is obvious that a solid understanding of geography is a vital, basic ingredient for a rounded, full understanding of the world and the universe."

Kenneth C. Davis, Don't Know Much About Geography 1992

domingo, 15 de abril de 2012

Investigadores desenvolveram primeiro estudo climático aplicado ao ordenamento urbano

Investigadores da Universidade de Coimbra (UC) desenvolveram o primeiro estudo climático da Figueira da Foz aplicado ao ordenamento urbano, no âmbito do processo de revisão, em curso, do Plano Director Municipal (PDM).

A investigação resulta de uma parceria entre o Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) da UC e a autarquia local. Analisa factores como a topografia do terreno ou a proximidade ao mar, rio e serra da Boa Viagem, confrontando-os com dados da temperatura, humidade relativa e direcção e velocidade do vento, complementados com outros obtidos por quatro termógrafos (instrumentos que registam as variações de temperatura) instalados no concelho.

“Trata-se de traduzir e aplicar os conhecimentos obtidos sobre o topoclima da Figueira da Foz em orientações climáticas direccionadas ao planeamento e ordenamento urbano”, disse o geógrafo David Marques, autor do estudo. E adiantou que os PDM actuais apresentam uma “frágil” informação climática e que a investigação do CEGOT pretende contribuir para melhorar essa informação.

No capítulo do comportamento térmico, compara o núcleo urbano antigo da cidade com a zona exposta ao mar e rio Mondego, a praia de Quiaios - a norte da serra da Boa Viagem - e uma zona rural, na freguesia de Bom Sucesso. Conclui que, no Verão, “durante o dia e, em particular, nas tardes”, a exposição às brisas marítimas, de maior intensidade ao longo da faixa costeira e do estuário do Mondego, “é o factor determinante” nos contrastes térmicos identificados.

Aponta um espaço rural “mais quente”, em oposição a uma “ilha de frescura urbana”, com diferenças de temperatura “superiores a 11 graus” centígrados quando comparadas com os dados dos termógrafos instalados mais próximo do mar. No período nocturno, no entanto, assiste-se a uma modificação do padrão térmico, passando a uma “ilha de calor urbano”, com temperaturas superiores à do espaço rural. “Demonstra o processo de arrefecimento mais lento da atmosfera urbana inferior durante as primeiras horas da noite”, lê-se no documento.

Os ventos de norte e noroeste (nortada) influenciam as temperaturas, por exemplo entre as zonas próximas do mar e não abrigadas pela serra da Boa Viagem (como a praia de Quiaios) e o núcleo urbano da cidade.

Essas condições foram observadas pelas 15:00 de um dia de Agosto de 2011: verificavam-se 34,3 graus centígrados na cidade e 22,9 graus em Quiaios.

Já com vento leste, os contrastes entre a faixa costeira e o interior “atenuam-se significativamente”, refere.

Outros dados do estudo apontam, no Inverno, áreas de acumulação de ar frio nos fundos dos vales (nas zonas urbanas de Tavarede e Buarcos), áreas que apresentam “um risco mais elevado de acumulação de poluentes”.

O estudo é apresentado publicamente a 12 de Abril, junto com a primeira de cinco estações climáticas, que funcionará na Escola Dr. João de Barros, no âmbito do laboratório ambiental urbano da Figueira da Foz.

“A Figueira da Foz vai ser uma das primeiras cidades do país a ter cobertura total do território”, disse António Rochette, do Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território, adiantando que o projecto engloba cinco estações climáticas e outras cinco para medição de níveis de poluição.